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sábado, 26 de setembro de 2009

Tsuba





Meu sensei de tsuba-shi ( ou artista fabricante de tsubas ) me deu como  " dever de casa " esta peça para estudo.

Ele possui cortes muito delicados e pequenos, e por trás de um design aparentemente simples, possui uma distribuição de espaço, fluidez de linhas e desenho muito bom.

A arte da fabricação de tsubas, alcançou um nível de desenvolvimento técnico e estético notável.
Só  perceptível  com olhar atento.... nada é aleatório .... as vezes é preciso educar o olhar,   aprender a ver .



Na técnica de fabricação de tsubas existem vária técnicas e ferramentas utilizadas:
neste caso após forjada em "tamahagane" e lixada ela foi texturizada por martelamento para imitar aparência de pedra , e após cortados os motivos do nabo e a borboleta com serra de joalheiro; usado cinzeis ( tagane) para arredondar os veios da folha do nabo , raspador/rebarbador ( hisage ) e punção para texturizar novamente os veios .

Após será feita uma pátina tradicional .

Ainda não foi terminada minha peça, em breve postarei o resultado.




domingo, 20 de setembro de 2009

O enigma do aço....



Nos tempos atuais temos tantas facilidades..............abrimos uma torneira, e sai agua.

Isto pra nós é tão natural que as vezes nem nos damos conta disto.

Contamos hoje, graças as maravilhas da ciência da metalurgia, com uma série de ligas metálicas para cada aplicação.


Mas nem sempre foi assim........

antes da existir fábricas e lojas que forneciam o aço, a produção de aço era muito limitada na quantidade e qualidade, tornado a obtenção do ferro e aço de boa qualidade, uma difícil empreitada.

No Japão , para preservar a tradição da fabricação do aço a ferro, é feita durante o ano uma grande fundição para fornecer material para os ferreiros .
Este material é obtido através da fundição de areia minério de ferro ( satetsu), combinado com carvão , que no final resulta em uma massa heterogénea de aço ferro e escória .

Esta peça chamada de kera deve ser levada ao fogo novamente para retiram a escória, e uniformizar o teor de carbono ( que é o que confere dureza ao ferro, o transformando em aço).

Este aço então é chamado de "tamahagane" tradução " Metal Precioso", pois sua obtenção é realmente muito cara se comparada ao preço de um aço moderno industrial , pelo menos 10 vezes mais cara.

Porque então utilizar este material ? Ele corta muito melhor do que um aço industrial ?

O aço "tamahagane " mostra características visuais muito distintas das de um aço moderno ,
as camadas ( hada) e também a linha de têmpera ( hamon) são muito diferentes das de um aço moderno.

Mas em termos de retenção de corte ,não são melhores do que um bom aço comercial ,são no máximo iguais .


O " tamahagane" é um aço melhor que um aço moderno? não , mas que é mais bonito ...sem dúvida.

Algumas fotos de uma pequena fundição que fizemos em minha oficina para fabricação de "tamahagane ."





forno



o aço solta fagulhas com estrelase o ferro fagulhas retas


tanto feita a partir do material












sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tsubas




Tsubas são as guardas de mão das espadas .
Na Internet é falada muita bobagem a respeito dos tsubas , como se fossem " escudos " para a proteçao da mão contra a espada do oponente, etc,etc......bla, bla ....bla.....

Mas o fato que nos tempos de guerra , grande parte deles eles eram finos, 3mm alguns até em couro laqueado algo " muito" resistente a impactos......

Com o passar do tempo ,e a sofisticação dos trabalhos em metais, foram se tornando obras de arte ,que diziam muito sobre quem os portava: se era um comerciante que queria mostrar riqueza, ou uma pessoa mais sóbria, etc.


Hoje são considerados objetos de coleção, que exibem técnicas de joalheria muito refinadas e sofisticadas , infelizmente muitas perdidas nas brumas do tempo.....

Por isto cuidado existem muitas falsificações..........

abaixo uma sequência de fotos de um tsuba que fiz como exercício de corte e escultura em metal usando a abordagem tradicional manual ....

peça feita em ferro 5 mm ,




Outros Tempos





















Olá,
Com grande incentivo do meu amigo Leonardo, resolvi sair um pouco da caverna e compartilhar alguma imagens e reflexões a respeito da minha experiência na produção de espadas da tradição japonesa.

A tradição japonesa da produção de espadas e montagens ( guardas, cabos, bainhas, etc )envolveu no passado um esforço de uma série de artistas , cada qual com sua especialidade quando sintonizados e inspirados criavam grandes obra de arte.

O desenvolvimento ao longo de séculos desta arte passou por períodos puramente bélicos até apreciação enquanto peça de arte.

Espadas para cortar e espadas para olhar, o ideal seria conciliar o melhor dos dois mundos .....
existem espadas muito belas mais impróprias para treino ou corte ( algumas grandes demais, desequilibradas, desconfortáveis, etc)

Infelizmente alguns aspectos não são conciliáveis , tentem treinar com tsubas (guarda da espada) com muitos relevos .....alguns parecem até um ralador de queijo.

Vá cortar um bambu , madeira , papelão com uma espada de tamahagane e hamon( aço artesanal japonês ) e depois me conte se valeu a pena arruinar o polimento em poucos segundos (a media de preço para polir é de us$ 60,00 a cada polegada de lâmina ) a não ser que tenha dinheiro sobrando ....

Por este motivo eu produzo uma linha de peças para ser usada para praticantes de artes marciais que queiram uma espada que se mantenha afiada por muito tempo,(e seja fácil e económica de reafiar), seja equilibrada, confortável, e não cause lesões (articulares ou na pele) , de quem manuseia é claro .
Pode também ser oferecida sem fio ( e ser afiada depois ) ou seja uma iaito em aço.

O ministério da saúde adverte...

cuidado uma espada não é brinquedo, parece piada mas já tive depoimentos de clientes que já "mataram" colchão , nariz do cachorro que observava o dono; o próprio dedo,braço que segura a bainha, pedaço do couro cabeludo ,pulso do amigo , etc...


Uma outra linha de trabalho são as peças usando as técnicas tradicionais mais artísticas,
estas demandam um outro tempo.........................

sobre o qual mandarei alguns postais em breve,

remo